domingo, 25 de novembro de 2012

COGUMELOS SILVESTRES


Os fungos são constituídos por filamentos tubulares, de tamanho microscópico, denominadas hifas, profusamente ramificadas e entrelaçadas para formar uma espécie de teia, conhecida por micélio. Em muitos casos o micélio diferencia-se formando um estroma.
Não contêm clorofila, substância verde que faz com que os vegetais superiores possam utilizar a energia solar para elaborar os nutrientes necessários.
Assim têm de desenvolver outro métodos de vida, actuando como parasitas de outros animais ou vegetais ou desenvolvendo-se sobre substâncias orgânicas em decomposição.
Desta forma, no que respeita à respiração, comportam-se como os animais isto é, absorvem oxigénio e libertam anidrido carbónico.

Os fungos reproduzem-se geralmente por esporos que são pequeníssimas estruturas (micros de diâmetro) produzidas em grandes quantidades.
Dentro dos fungos, designamos vulgarmente por "Cogumelos", aqueles que atingem tamanhos de razoáveis proporções, quer sejam espontâneos (Silvestres) quer de cultura.
Neste pequeno apontamento, apenas iremos ter em conta os "Cogumelos Silvestres" isto é, aqueles que espontaneamente surgem nos nossos bosques, lameiros, bordas de caminhos, etc., locais onde encontram as condições favoráveis para o seu desenvolvimento.
A grande maioria dos cogumelos são basidiomicetas isto é com micélio pluricelular. 
Quanto à sua utilização na alimentação, existem dentro nas inúmeras espécies de cogumelos, aqueles que podem ser ingeridos sem qualquer risco havendo outros que, se o forem, podem provocar graves problemas aos possíveis utilizadores, podendo mesmo levar à morte.
Há cogumelos que contêm substâncias que uma vez ingeridas causam uma intoxicação: micetismo, cujos sintomas podem variar ( vómitos, diarreia, alucinações, etc.). Podem levar à morte tudo depende da espécie e das quantidades ingeridas.

Muitas civilizações antigas recorriam a cogumelos alucinógenos na celebração das várias cerimónias religiosas onde desempenhavam um papel muito importante.
Quanto a regras empíricas para evitar cogumelos venenosos, deve dizer-se que não existe nenhuma com valor: só a observação cuidadosa , nem sempre fácil, pode levar a conclusões seguras.
Entre as espécies venenosas, a Amanita muscaria (conhecida por Frades de sapo ou Mata bois) é particularmente abundante nas nossas florestas sendo no entanto facilmente identificada pela cor vermelha forte do chapéu, pelas escamas brancas que o salpicam. 
Apesar de venenosa é frequentemente utilizá-los na ilustração de livros infantis.
Para maior segurança será aconselhável excluir qualquer cogumelo do género Amanita.

Para além desta espécie existem outras; a Amanita phalloides (cicuta verde), Amanita pantherina (pantera), Amanita citrina (Miscaro limão), Preurotus olearius (Tintulhos), etc.
Entre as espécies comestíveis mais frequentes nas nossas matas e mais apreciadas e utilizadas pelos residentes são. Amanita caesarea, Lepiota procera, Cantharellus cibarius, Craterellus cornucopioides, Tricholoma esquestre, T. terreum, Boletus scaber, Boletus edulis, Boletus granulatus, Fistulina hepática, Agaricus campestris, a arvensis, a silvatica, Rodopaxillus nudus, Lactarius deliciosus, etc.






No entanto, outras espécies que não eram utilizadas normalmente pelos residentes ou o eram muito eventualmente, passaram também a ser colhidas em virtude da sua aceitação pelo actual mercado.
A titulo de informação, podemos adiantar que o Thricholoma equestre e T. portentosum, conhecido vulgarmente por Miscaro, é um cogumelo que não tem muita aceitação nos mercados fora de Portugal.

Os Cogumelos Silvestres, encontram nos nossos bosques quer de folhosas quer de resinosas, condições óptimas para o seu desenvolvimento.
Até à poucos anos atrás (cerca de 2 décadas) podíamos observar, principalmente no Outono, uma grande variedade de espécies e em quantidades significativas nos nossos campos, bosques e bordaduras dos caminhos.
As populações residentes, sabendo do valor nutritivo dos cogumelos silvestres aliada a tradições culinárias, colhiam apenas algumas espécies e de uma forma regrada pelo que, no final da época restava sempre no terreno um número significativo de exemplares, suficientes para dar continuidade, no ano seguinte, ao repovoamento dos bosques e não só, de uma forma equilibrada.
No entanto, de um momento para o outro, surgiu uma enorme procura destes "Frutos dos Bosques" que aliado a altos preços pagos aos apanhadores, desencadeou inevitavelmente uma colheita desenfreada de Cogumelos Silvestres, tanto das espécies mais conhecidas nas várias zonas como de outras que, apesar de serem comestíveis, não eram normalmente utilizadas na alimentação.

Devido à alta cotação do cogumelo silvestre, é prática comum efectuar a colheita por arrancamento, pois desta forma, o cogumelo fica com muita terra agarrada, tornando-o mais pesado.
Assim, verifica-se que a colheita não é realiza de uma forma correcta pois, o cogumelo nunca deve ser arrancado mas sim, cortado rente ao chão para que, não se destrua a rede de "filamentos", rede de que os cogumelos emergem.
Por outro lado, sendo a apanha efectuada de uma forma muito intensa e minuciosa, a probabilidade de "escapar" aos apanhadores, um número suficiente de cogumelos que atinjam o estado adulto, para dessiminar os esporos necessários à propagação da espécie é escassa.
Os operadores da fileira por nós visitados e questionados sobre a questão da quantidade, reconhecem que, esta procura exacerbada de Cogumelos Silvestres pode pôr em risco, a curto prazo, a sobrevivência das diversas espécies principalmente das mais apreciadas (cotadas).

Fonte informativa: DRAP Centro "Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro"


Os nossos seguidores habituais devem estar se a interrogar... Mas os CicloBeatos, hoje só foram aos cogumelos!?
Claro que não! 
Nem sequer fomos aos cogumelos, e este inicio de crónica só o foi assim, pois tivemos vários encontros imediatos com imensos exemplares, e em jeito de dar um pouco de informação e também de alertar, os menos informados, resolvemos falar um pouco sobre estes apreciados seres, avistados frequentemente por nós, por quase todos os praticantes de BTT e  por todos os amantes da natureza.

Este fim de semana, foi terrivelmente chuvoso, e a titulo de curiosidade, para terem uma ideia do que estou a relatar, posso afiançar que no dia anterior, choveu durante 24 horas.
Para pedalar neste dia de Outono a fazer inveja a muitos de Inverno, tivemos a presença de dois CicloBeatos, o Fernando Oliveira e o Hipólito Sequeira, que contrariando qualquer tipo de intempérie, fizeram-se à estrada, perdão... Quero dizer ao mato. 

Estes dois elementos anfíbios dos CicloBeatos, realizaram uma húmida volta com cerca de 32 quilómetros, numa cadência de passeio, que os levou inicialmente por terrenos da Quinta Nova de São Simão, depois travessia da N10, para o Casal de Bolinhos, e fomos explorar terrenos nos Carapuços, onde buscamos caminho para transpor a Vala Real, no que se revelou infrutífero, pois a mesma apresentava se com bastante caudal, fazendo nos tomar a opção da ponte de negreiros, passando pela Boa Água, e subindo bastante até ao Pinhal do General, onde vimos futebol à antiga (campo pelado e muito enlameado), seguidamente fomos pelas Fontaínhas, e nos Carvoeiros entramos dentro da herdade da Mesquita, no Chagão do Pedrosa, tentamos ir na direcção do alto da Mesquita mas o solo arenoso, ganhou na disputa com os nossos pneus, e mesmo num dia em que se rolou razoavelmente bem, nestes areais, a partir deste local tivemos de retornar a marcha, encaminhando nos, para as imediações da Quinta do Perú, circundando esta propriedade, pelo lado ocidental, na direcção da Quinta da Conceição, onde seguimos o trilho do Casal da Morgada, atravessamos a N379-1, junto ao Casal do Tojo, e pelas Aldeias de São Pedro, Piedade e Portela, entramos em modo "alcatrão" até à Aldeia de Irmãos, depois regressamos ao local da partida, a tempo para lavarmos as enlameadas montadas e a seguir respectivo "banhinho quente" que a aventura do dia, foi bem húmida.






32 km e 287 mt de acumulado em subidas

2 comentários:

  1. Ualll, quanta informação interessante!! E que lugar extraordinário!!! Onde fica? Em Portugal?(obs.: sou brasileira e acredito q aqui as condições climáticas não são propícias para esse tipo de vegetação, fiquei bastante curiosa quanto ao local, se puder me responder,agradeço.)

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  2. Olá

    Em primeiro lugar peço desculpa por só agora responder à sua questão, pois só agora reparei que aguardava por moderação. Pois só sou avisado para moderar mensagens, até 15 dias depois da última publicação. Como está crónica é de 2012 não tinha reparado.

    Quanto ao mais importante, que é a sua curiosidade, é sim em Portugal. Situa-se no Distrito de Setúbal, Concelho de Sesimbra, Freguesia da Quinta do Conde. E o local denomina-se por Casal Tato, na Herdade da Mesquita.
    Se quiser verificar com o google maps as coordenadas são as seguintes:

    38°32'20.43"N 9° 4'34.51"W


    Espero ter "morto" a sua curiosidade. Por aqui este tipo de vegetação é frequente e abundante, nomeadamente entre os meses de Outubro a Maio. Outono, Inverno e inicio de Primavera, como o local é bastante húmido, por vezes pode-se prolongar até ao inicio do Verão em Junho.

    Pode também consultar na NET, informações sobre o PNA (Parque Natural da Arrábida), tenho a certeza que não vai ficar desapontada.

    Qualquer questão é só contactar, por este meio ou por ciclobeatos@gmail.com

    Obrigado pela participação.

    Fernando Oliveira

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