quinta-feira, 31 de outubro de 2013

SUBIDAS MÍTICAS DO PNA (PARTE VI)

Para o final desta rubrica, deixei o que são ou poderão ser consideradas pseudo-subidas, não subidas ou mesmo as desconhecidas, parentes pobres, ou até mesmo tão difíceis de realizar com sucesso, que o melhor a fazer, é não falar delas!...
Pois como nós gostamos de desafios vou falar nem que seja só um pouco de cada uma...

ZIGUE ZAGUE (CABANAS)


Esta é uma subida que para mim é das melhores e mais difíceis de realizar do nosso PNA, mede cerca de 1980 metros, desde a N379 em São Gonçalo (Cabanas) até ao topo na serra de São Francisco onde se cruza com outra das que falarei posteriormente, o "Sobe e Desce".

Na maior parte das vezes é utilizada como acesso, quer a subir como a descer, ao maravilhoso trilho da "Toca dos Coelhos", porém existe quem a faça como treino em toda a sua extensão.

Começa em asfalto, degradado é um facto, mas é alcatrão. Junto ao portão que dá acesso à Quinta da Torre, imediatamente a seguir à primeira curva começa a inclinar-se um pouco, para a partir da entrada do trilho para as ruínas da Sra. das Barotas, se tornar um osso duro de roer, pois a inclinação acentua-se abruptamente, dificultando e de que maneira a sua escalada, e ainda pior se estiver cheia de "gravilha" como habitualmente se encontra.
Daqui até final sempre a "ziguezaguear" como a fazer jus ao nome, é para mim sem dúvida uma das mais dolorosas subidas da região, tornando os seus quase dois mil metros de extensão, um desafio à altura de utilizadores experientes. Para os principiantes, poderá ser uma forte "dor de pernas" e poderá ser pior se feita em tempos de calor, pois encontra-se completamente exposta aos raios solares das horas mais quentes do dia e sem refúgios.

Desta tinha mesmo de falar!

 38°32'58.88"N

   8°58'52.45"O



VARANDA DE SÃO LUÍS (REGO DE ÁGUA)


Situada na vertente Poente da Serra de São Luís, na zona do Rego de Água, até à poucos anos era uma subida pela qual se ascendia e tinha-se de regressar pelo mesmo local, tendo apenas como motivo da sua subida, a maravilhosa vista sobre o Vale de Alcube e a Serra da Arrábida, daí o nome varanda. Porém, após a realização de uma prova, de renome na região, conseguiram alargar um pouco um trilho para caminhantes, e que a descer faz a ligação desta com a estrada do Rego de Água.
De notar que da varanda para baixo é bom para "Downhillers" pois o trilho é bastante acidentado e com vários e empedrados obstáculos. Mas nada que não se consiga contornar.
Atenção que para cima também se pode continuar, mas tenho a certeza que a maioria dos praticantes de BTT deixarão esse trilho para quem gosta de caminhadas pedestres.

Desde o "estradão" até onde se começa a descer para a varanda são cerca de 347 metros, o que a tornam uma subida curta mas muito interessante, o visual é bonito, encontra-se completamente coberta por vegetação, e no solo é composta por alguns obstáculos, tanto pedras como raízes, o que a tornam um desafio engraçado de realizar.

Nota-se claramente que é pouco utilizada, pois ainda apresenta um aspecto quase virgem, no entanto a parte a descer denota claramente a intervenção da mão humana, devido ao corte de arbustos.

Boa para principiantes e para todos os amantes da natureza... Que espero para seu bem a continuem a amar.

 38°32'5.85"N

  8°56'59.87"O



VALE BARRIS / ALTO DAS NECESSIDADES


Se para o CicloBeato Mário, a outra, era o seu "Tabú", para mim, é esta o meu.
São cerca de 1310 metros desde a entrada mais a Oriente da Quinta de Alcube, e que se encontra fechada a qualquer tipo de acesso (que isto, fique registado como aviso).
Sempre pela estrada do Vale de Barris e a subir, de forma, pouco acentuada mas em crescente inclinação até junto da Capela das Necessidades, acabando em fronteira com a já célebre subida das Necessidades Velhas.

Normalmente utilizada a descer, para quem vêm dos lados de Azeitão como nós. É uma das mais fáceis de realizar de todas as subidas do PNA, no entanto em dias de vento pela frente e normalmente para o nosso grupo, em fim de volta, pode tornar-se a estocada final, no que resta de energia, especialmente, para quem costuma fazer passeios, "à lá CicloBeato".

De facto não é uma subida que possa realmente constar nesta selecção porém é a subir, e eu avisei que ia falar "das outras".

38°32'14.50"N

  8°58'24.10"O



SOBE E DESCE (SERRA DE SÃO FRANCISCO)



Já que estou a falar "das outras" tinha de falar desta.
Que têm tantas subidas quase como descidas. Daí o nome: Sobe e Desce.
 Situada em plena Serra de São Francisco têm cerca de 3120 metros, e atravessa-a completamente.
Pode ser utilizada começando por ambos os lados, sendo que a tarefa mais difícil de concluir talvez seja a meu ver, sua abordagem no sentido, Azeitão/Palmela, pois as inclinações e subidas são maiores e mais, respectivamente.

A sua travessia ao contrário, apenas, e digo apenas... Pois são cerca de 60 metros de alta dificuldade a subir o vertical "Caí-de-Costas", será sempre mais facilitada pois as descidas são em menor numero e inclinação, permitindo uma rápida chegada  às Necessidades, após transposto o dificílimo inicio.

Adequada a todos os tipos de praticantes, excepto se começarem pelo lado Palmela. Aí para estes, depois de tentarem, e claro digo só depois de... Talvez comecem a fazer comparações.

Sem dúvida um local a visitar e a atravessar, paisagens maravilhosas, e um bom treino para endurecer as pernas.
A partir dela também o acesso a vários belos e famosos trilhos da região, três dos quais cito hoje aqui nesta sexta e última parte das subidas míticas do PNA.

 38°31'44.94"N

  8°59'1.67"O



ACEIROS DA COMENDA


Eis que chega a vez de falar dos mitos... Nesta zona denominada por Comenda existem vários aceiros que dão acesso ao topo do alto com o mesmo nome, local este composto por uma cadeia de inúmeras colinas, sendo que a mais alta se estende até aos 192 metros de altitude.

Certamente já ouviram relatos, de amigos praticantes, da nossa modalidade que já realizaram subidas incríveis por alguns destes aceiros, quase impossíveis de trepar, porém ao certo não se sabe, quem os fez com sucesso da base ao topo e qual dos aceiros subiram.
Alguns chegam a falar da ascensão das 3 etapas, que para muitos continua envolta em algum misticismo, pois são tantos os trilhos até ao topo, que cada qual pode tomar um caminho diferente do que realizou anteriormente e aclama-lo como se fosse esta lenda.

Nós os CicloBeatos já tentámos seguir pelo trilho adjacente ao Casal do Sapo e que consta das mais antigas cartas topográficas conhecidas. O que vou descrever foi o que nos aconteceu neste trilho, no entanto não sabemos ao certo se é a este, que chamam o das três etapas. Para nós pareciam mais de dez. Tinha apenas cerca de 700 metros de comprimento.

O inicio é a subir mas relativamente fácil aos comuns trepadores, rapidamente a inclinação acentua-se gravemente, e o caminho vai ficando, mais estreito, pois na época em que o fizemos estava repleto de regos de água, o como devem imaginar dificultou e de que maneira a subida, isto na provavelmente dita primeira etapa. Porém chegamos a ela montados, arrasados mas montados. De notar que nesta parte dá-se o encontro com outro enorme aceiro que vêm de ocidente.

A partir deste local a inclinação continua em abrupta escalada, se bem que de início o trilho se encontra em bom estado, logo na primeira curva recomeçam os regos de água novamente... E o peito no guiador.
Esta segunda etapa é toda realizada desta forma, por menos metros que a primeira, mas de certeza muito mais inclinada.
Alguns chegaram montados, outros quase... Outros com a montada em cima deles.

A dita terceira e ultima etapa... Meus senhores, se é por aqui que lhe chamam este nome. Digo desde já que acho impossível alguém a realizar montado até ao final... Ou até mesmo a meio... No entanto... Não acredito em bruxas... Mas que existem... Existem!

São cerca de 270 verticais metros, com lama, regos de água , pedras, raízes... E até por vezes, praticantes de 4x4, que tentam vencer os limites com ajuda dos seus potentes e amigos, muitos cilindros.
Para nós humildes humanos e CicloBeatos, que dispo-mos apenas de frágeis "perninhas" habituadas a sofrer. Confesso que foi mesmo difícil de subir a empurrar a bicicleta. Quando chegamos lá em cima, tínhamos dois caminhantes, a olhar-nos com a expressão, de quem estava a avistar os mais loucos seres do PNA.

38°30'47.98"N

  8°56'24.27"O



ATENÇÃO MUITO PERIGO AO SUBIR

FIO-DENTAL


Toda a gente já ouviu falar no Fio-Dental, afamado trilho junto à Portela (Asa Delta), e ao Caí-de-Costas, junto à Serra de São Francisco e situado na vertente nascente da Serra do Louro.

No entanto tenho a certeza que poucos o fizeram a subir. E ainda bem! Pois tenho ouvido relatos de amigos bombeiros, que já lá foram, em tempos buscar indivíduos que colidiram neste local, com gravidade.

Normalmente, frequentemente e quase sempre feito a descer os 820 metros que compõem este maravilhoso trilho, são o que o nosso desporto têm de melhor para nos oferecer, porém todos gostam de desafios, e o que se desce, também certamente se poderá subir ou pelo menos tentar, nem que seja só uma vez.
Foi o meu caso, já o realizei uma vez de manhã, bem cedinho, e na companhia de pessoas mais experientes que me levaram a enfrentar tal desafio. Já passaram alguns anos e existiam menos praticantes o que tornou a sua ascensão um pouco menos irracional e perigosa. Hoje confesso que... Talvez não a faça nunca mais. Até porque na época que o fiz estava bem melhor de subir, existia menos regos e o solo não estava tão irregular, como se encontra hoje em dia, devido à muita utilização deste magnifico trilho.

Não tentem se não se sentem confortáveis a fazê-lo. Por favor tenham todas as cautelas para a realizar a subir, pode ser fatal. 
É um perigo já que quem a desce vêm em alta velocidade e pode acontecer um grave acidente, como sei que já aconteceu.
Sei também que não devia falar dela nestes termos... Posso estar a levar pessoas a incorrer neste desafio, porém as barreiras são para transpor, mas sempre com muita segurança.

 38°32'56.87"N

     8°57'7.99"O



Aqui terminam as seis partes, em que me dediquei a descrever e avaliar as subidas mais conhecidas do nosso Parque Natural da Arrábida, espero que tenham gostado.
Estou flexível, às vossas criticas e sugestões, para possíveis correcções ou novas rubricas.
Sei que certamente sabem de outras e que descobriram outras, mas estas, acho que, merecem ser referidas prioritariamente.
As outras ficam para uma próxima vez.
Boas subidas!

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