terça-feira, 6 de julho de 2010

PROJECTO GUADIANA 2010 (1º DIA)


Sei que já estavam desesperados por saber as novidades e peripécias do nosso passeio anual de aniversário (21 de Junho), peço desculpa por ter retardado a vossa curiosidade, mas infelizmente, o tempo que me têm sobrado para escrever é muito pouco, mas como ficou a promessa de que iria ser esta semana ... cá vai !

Tudo começou há alguns meses, como sabem, numa votação neste blogue, em que a descida do Guadiana ganhou quase por unanimidade, desde esse dia dediquei-me a cada tarefa deste projecto como se da minha própria vida se trata-se ... sei agora que realmente valeu a pena ... pois foram três dias maravilhosos, que ficaram excelentemente preenchidos com a companhia e amizade de mais 5 pessoas que sempre acreditaram neste projecto e também dedicaram grande parte das suas vidas para o êxito do mesmo, nesta linhas que a partir de hoje escrevo ... sabendo de antemão que tudo o que seja escrito aqui neste espaço, não conseguirá descrever o que se passou nesta aventura indescritível, que se denominou Projecto Guadiana 2010.

Dia 11 de Junho de 2010

Elvas - Mourão 103Km

Foi por volta das 0.30 do dia 11 de Junho (Quinta-feira), em Vila Fresca de Azeitão, que começaram os preparativos para o arranque do nosso Projecto, quando o Nuno Silva se juntou a mim para carregar a carrinha (gentilmente cedida pelo Grupo Desportivo e Social da VOLVO), após termos arrumado todo o material de suporte e bagagens pessoais, na viatura, fomos para a surpreendente e rápida (sorte de principiantes) tarefa de acondicionar as bikes no atrelado ... sinceramente fiquei surpreendido por ter-mos posto 5 bikes de diferentes tamanhos à primeira tentativa no atrelado (no regresso da aventura isso não aconteceu ... mas isso a seu tempo será contado), depois de tarefas concluídas ... as primeiras minis para os trabalhadores.






Por volta das 2.00, chegaram os restantes elementos desta nossa aventura, o José António Pombo (CicloBeato de apoio), o Hipólito Sequeira, o Fernando Viegas e o Mário Jesus, que ainda ajudaram a engatar o atrelado (devidamente) na carrinha, depois esperamos até à hora que estava marcada para o arranque e que foi às 3.00 de Vila Fresca de Azeitão com destino a Elvas.


Optando por entrar na Auto-Estrada em Palmela e sempre com boa música e excelente disposição, até a paragem para desentorpecimento dos membros inferiores, na área de serviço de Montemor-o-Novo, paragem esta que também foi dedicada ao enchimento do bandulho por alguns CicloBeatos mais esfomeados, assim como à apreciação da fauna local, eram por volta das 4.30.





Eram 6.00 quando avistamos o nosso ponto de partida do Projecto Guadiana 2010, o aqueduto de Elvas, a manhã apresentava-se com bastantes nuvens e prometia chuva, e após prepararmos as nossas montadas arrancamos eram 6.25, rumo ao nosso primeiro objectivo do dia, na Juromenha.




Logo à saída de Elvas começamos a descer bastante entrando na vasta "planície" Alentejana (juro que, se ouço alguém dizer que o Alentejo é plano lhe enfio com a bike em cima) ... começou logo aqui o nosso calvário de saltar cercas e portões, já para não falar da chuva miudinha e insistente, para começar não demos com um trilho que se encontrava coberto de mato e tivemos de saltar a primeira de muitas vedações, depois entramos numa herdade em que fomos interpelados por um senhor que nos alertou para deixarmos as portas das vedações sempre fechadas por causa do gado bovino ... muita sinceramente até aqui nunca pensei cruzar-me com gado bovino (no Google só tinha visto ovelhinhas ...)


Eis que surgiu o nosso primeiro contacto visual com o Rio Guadiana perto de um velho e abandonado moinho de maré, pena estarmos dentro de um enorme cercado cheio de vacas e com bezerros para proteger, o que não nos deixou realmente à vontade para fotografar ou sequer parar ... aqueles olhares fixos das vaquinhas intimidavam um pouco ainda por cima quando são 600 quilos de carne e a cerca de 2 ou 3 metros de nós ... mas não se preocupem entre nós estava um antigo "toureiro" o Nuno, que se mandava direito a elas sem pensar nas consequências ... mas por vezes também tinha de se desviar pois os bichinhos intimidam mesmo ... só nos pacotes de leite e no Talho do nosso amigo Zé Vieitos é que não nos metem medo algum.






Mas o pior estava para vir ... chegamos a outro cercado mesmo muito grande ... maior que o anterior e com uma manada com mais de duzentos animais, só para terem uma ideia havia machos a tentar cobrir e várias fêmeas com crias para proteger ... e logo por azar o track do GPS mandava atravessar mesmo pelo meio de onde estava a manada ... de um lado do cercado estava o rio com as suas margens bem mais cheias do que o costume (Inverno chuvoso), e do outro lado uma serra que não se sabia onde acabava ...
fizemos a primeira investida pela esquerda mas a manada estava agitada e mugiam bastante quando nos aproximávamos ... resolvemos dar a volta pela Serra retrocedendo ... mas eis que a manada se deslocou para sul e lá fomos nós atrás dela, pelo trilho do GPS mas sempre com um olho nas vacas e outro nos bois ...

Ainda tivemos de saltar mais umas vedações e dois pequenos ribeiros a vau, o Guadiana estava mesmo muito cheio e o track do GPS estava coberto por água tivemos de andar cerca de 50 metros ao lado e a saltar quase todo o tipo de obstáculos naturais e artificiais ... mas passamos ... perdemos aqui quase uma hora, em relação ao previsto mas conseguimos passar a nossa primeira e grande dificuldade do percurso ... unidos e em formação (excelente forma de demonstrar força e união) para fazer frente as largas centenas de vacas que se nos depararam quase até à Ponte da Ajuda.





A seguir as vaquinhas, deparamos com um pomar enorme e vedado e com uma tabuleta a dizer Propriedade Privada - Proibida a Entrada, mas resolvemos que se com as vacas passamos, não iria ser uma placa que nos derrotaria e como estávamos a ficar bastante atrasados, saltamos e entramos no enorme pomar cheio de estufas e fruta, em que os empregados à nossa passagem e aceno, se olhavam entre eles e se questionavam " de onde saíram estes!? "

A seguir avistamos o Castelo da Juromenha no horizonte, pena e que novamente o Guadiana nos cortou o caminho, e tivemos de procurar uma saída alternativa por dentro de propriedades privadas e cercadas, até que nos apareceu uma surpreendida e amável senhora que nos indicou o caminho para fora da propriedade, fomos para o alcatrão e direitinhos ao nosso ponto de encontro com o Zé António que já estava a achar grande a demora, chegamos à Juromenha às 10.00 quase com hora e meia de atraso em relação ao previsto ... mas que se lixe o previsto, o essencial foi que chegamos e bem ...






Para começo da nossa aventura não foi nada mau, matéria para contar aos nossos netos não faltou, hoje confesso que foi bastante atribulada, mas agora que estou sentado em casa até tenho saudades das vaquinhas e de saltar cercas ( ... vamos lá outra vez, pessoal !!!??? )

Na Juromenha deixamos o Zé António e desta vez também o nosso camarada Fernando, que já foi lesionado para o passeio e só completou esta 1ª etapa de hoje com algum esforço, de louvar também o facto de que apesar de se encontrar incapacitado com uma lesão muscular ... mesmo assim e pondo em risco a própria integridade física, alinhou à partida e mais do que tudo esteve presente neste projecto Guadiana 2010 em corpo e em alma e regozijando-se por estar com os seus amigos de pedaladas, atitude de louvar sem dúvida ... mas ainda houve mais, a história não acaba aqui.


A 2ª etapa que nos levou até à Aldeia do Rosário, teve pouca história, apenas posso dizer que pedalamos já sem o Fernando e tentamos por todos os meios recuperar o tempo perdido na etapa anterior, novamente com algumas cercas ao inicio, mas desta vez com muito poucas vacas e só ao longe, foi um troço de inicio rápido mas com muito sobe e desce, até que deparamos com um visual magnifico novamente junto do Guadiana, em que o rio se une com os planaltos alentejanos num majestoso serpentear, e nós a pedalar por uma descida bastante rápida junto ao rio e com visuais alucinantes, depois contornamos um pequena enseada e voltamos a subir retomando o rumo do Rosário, quase a chegar ao povoado encontramos um lindo pinhalzinho no alto de uma colina a contrastar com o visual de sobreiros, azinheiras e oliveiras até então observado, depois o nosso ponto de encontro junto à ponte sobre o rio Lucefecit onde chegamos às 13.30.







Depois de breve pausa em que nos abastecemos de chupa chups para adoçar as bocas, voltamos a contar com o Fernando que estava danadinho para andar de bike e ficou nesta segunda etapa a tentar minimizar os estragos causados pela sua lesão, e ai foi ele connosco ... raça de campeão ... antes quebrar que torcer.



Depois de encontrar novamente as nossas amigas "obelhinhas do góógle" em mais uma cerca a passar, paramos para o "viciado" Nuno tomar um café na aldeia de Monte Juntos, seguidamente apanhamos um estrada com bastante pedra e durante vários quilometros, para massajar as nalgas ...



A seguir passamos pelo convento da Orada, no sopé do monte em que se ergue a bonita vila de Monsaraz, e devido ao atraso registado e aos já perto de 90 km realizados, resolvemos subir até a Monsaraz pelo alcatrão evitando assim a terrível subida em pedra inicialmente prevista, chegamos ao encontro com o Zé António pelas 15.45, após ter-mos feito a subida debaixo de chuva, de seguida visitamos a bonita localidade e apreciamos a espetacular vista que esta nos oferece.
















De Monsaraz até à ponte do Lago Alqueva é quase sempre a descer e o CicloBeato de apoio só nos apanhou quase junto à ponte do Guadiana, o Fernando sentia-se bem e em alta rotação ainda melhor, então vai de dar ao pedal ... mas havia um CicloBeato a ficar para trás e tivemos de refrear os ânimos.




Após a ponte surgiu uma placa na estrada que dizia Mourão 1 km, mas acho que foi o quilometro mais longo das nossas vidas ... pois o maroto do quilometro não acabava ... pelo contrário multiplicou-se ...


Chegamos a Mourão pelas 16.50, e logo procuramos o nosso anfitrião o Presidente da Junta de Mourão o Sr. António Ferreira, que gentilmente nos cedeu as instalações do Campo de Tiro onde ficamos magnificamente acampados (acampados sim ... porque por aqui existem muitos ciganos ...), de salientar o facto de que os CicloBeatos presentearam o autarca com Moscatel e Tortas da nossa região de Azeitão.

Depois de alojados tratamos de tomar banhinho da melhor maneira possível pois apenas havia um lavatório e dois bidés e a água estava mesmo fresquinha ... o que conta nestes momentos é a boa vontade de quem nos alojou e a nossa boa disposição, conseguindo transformar este final de dia em mais uma celebração de vida, companheirismo e amizade.








Por agora é tudo, o primeiro dia foi relatado ... não percam o resumo dos próximos, brevemente.



2 comentários:

  1. Pois sim e a mimha foto do Elvis :-)
    E a propósito da logística 5 estrelas
    Mário Jesus

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  2. És mesmo um emplastro !!! :-)
    Por acaso a reportagem já foi dada como terminada?
    Saber esperar é uma grande virtude ...
    Não posso colocar a carne toda no assador ...
    Abraço e vêm visitar o blogue de vez em quando ... pode ser que o Elvis por aqui apareça.

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